sábado, 25 de outubro de 2008

Enlaça-me a Alma e dança.
Solta de mim a fera, enjaulada, aquietada em espera.
Liberta a fêmea que habita em seiva
circulante na rosa que mordo sob a boca
e que agora te ladeia, em compasso, sobre a mesa-palco,
serena e mansa.
Dança a Valsa, dança um afectivo,
pausado, dorido, Tango antigo.
Mas dança, baila, baila um bailado doce, infindo.

Cinge-me as veias, filão vermelho do corpo,
num aperto longo, louco. No destemperamento.
Como se fossem elas as tuas próprias raízes.
Deixa que brote árvore, frondejante.
Deixa que exploda em perpétuas ramagens,
e sejam elas de nós abrigo, acolhimento.

Dança, desliza, leve brisa, nesta adusta pista.
Passo, a passo, por dentro da enseada
da aurora boreal da madrugada.
No toque leve
No afago
No instinto.
Breve. Voguemos elevados, diáfanos ou divinos,
na ponta convincente do cometa. Na saliva
com que desfolhamos, uma a uma as páginas
de um envelhecido livro da Vida
em busca da sua essência.
No esmero, na sapiência ...

Enlaça-me a Alma e dança.

Nenhum comentário: